ENTREVISTA: ZÉZÉ GAMBOA
Cales foron as razóns que o motivaron para traballar na industria cinematográfica e converterse en director de filmes?
Comecei a minha carreira muito jovem como realizador de telejornal e dos serviços informativos na TV de Angola em Maio de 1974, isto logo a seguir a revolução de Abril em Portugal. Não fui eu que escolhi ir trabalhar para a TV, como havia uma grande necessidade de formar técnicos angolanos, uma vez que muitos portugueses começaram a abandonar Angola, um primo meu e amigo, foi a minha casa propor-me, num domingo, para começar a trabalhar no que é hoje a TPA. Em 1980 fui para Paris fazer um curso de som de cinema. Posso dizer que não fui eu que escolhi o Cinema, foi o cinema que me escolheu!
Que supuso o éxito internacional de O heroi (2004) para a súa carreira?
O reconhecimento internacional do Herói, veio confirmar que a minha opção profissional, e o gosto que tenho pelo cinema, foram as escolhas acertadas na minha vida profissional. Na minha carreira enquanto realizador de cinema, dá-me maior responsabilidade para que os meus filmes, tenham no mínimo a mesma qualidade do Herói! Penso que no cinema o que é difícil, é manter a qualidade. Tenho sempre presente a responsabilidade de fazer melhor, mas no cinema há muitas variáveis, o que o torna num constante desafio.
Con que problemas se atopa para sacar adiante un proxecto cinematográfico? En que medida axudou o prestixio acadado polo Heroi en festivais?
Com todas as dificuldades que o cinema de autor atravessa – e sobretudo a crise das cinematografias frágeis, em particular do cinema africano – eu como muitos cineastas dos trópicos, continuo a ter dificuldades para subvencionar os meus projectos. Também é verdade que poderei beneficiar, às vezes, de um olhar diferenciado de alguns júris das Instituições que apoiam o cinema Africano, por ser um realizador que ganhou SUNDANCE, entre outros muitos prémios internacionais.
O Heroi fundaméntase nun tono dramático. En cambio, a súa seguinte longametraxe, O grande Kilapy (2014), explora tamén o discurso cómico. Supón isto unha mudanza consciente, un cambio de discurso deliberado, ou responde máis ben á necesidade de abrir novas vías comerciais?
Como dizia o Jean Luc Godard, um cineasta faz sempre o mesmo filme! Mesmo que o tom varie entre a comédia, drama, policial, ou outros. Parece-me evidente que um realizador quer ter sempre muito público. Eu sonho sempre que os meus filmes sejam comerciais no sentido em que vendem muito e assim atingem um grande numero de pessoas, independemente de ser ou não cinema d’autor. Quero que os meus filmes tenham sempre, a maior quantidade de público possível.
Cales son, baixo o seu punto de vista, os rasgos que definen o cine angolano? Existe unha ollada común ou xeracional?
A guerra marcou, e ainda marca, o olhar dos artistas angolanos sobre o mundo e a vida, e de certa forma estão ainda a exorcizar as marcas que esta deixou. Na gerações mais novas há ainda poucos realizadores que no entanto com imaginação e poucos recursos conseguem produzir os seus filmes.
Cales considera que serían as medidas máis urxentes para conseguir unha normalización da cinematografía angolana que asegure a súa continuidade?
Para tornar a actividade cinematográfica regular, seria importante que o Instituto de Cinema Angolano tivesse verbas para financiar o cinema! Será necessário, e urgente haver concursos de apoio, aos mais diversos formatos de cinema, documentários, curtas metragens, longas metragens, animação. Depois é muito importante também promover a formação de quadros, realizadores, guionistas, actores, técnicos, para que seja possível filmar-se em Angola com técnicos do país.
Angola é un país que sufriu unha guerra civil de 27 anos de duración que remata no ano 2002. Como valora a situación actual do país a nivel político e social?
A situação do País a nível social e político é muito difícil. Existe um fosso social enorme, há uma minoria de pessoas extremamente rica, e uma grande parte da população que vive na miséria, esta realidade em si mesma é razão de enormes tensões sociais. A nível político, como vamos ter eleições em Agosto do corrente ano, espero que existam alterações numa transição pacífica, que permitam uma melhor redistribuição da riqueza, melhor educação, melhor saúde.